segunda-feira, 12 de abril de 2010

Das terras de Portugal e seus habitantes...

Há uns anos, aquando da minha mudança de habitação, vasculhava eu os classificados de um qualquer periódico quando dei de caras com o seguinte anúncio:


Aluga-se T1, mobilado, soalheiro, na Coina. Tlm ...

Bom, a Coina é um local que nunca me inspirou muita confiança, não só pelo nome mas principalmente pelo facto de, sabe-se lá como, eu ter conseguido perder-me nela a caminho do Portinho da Arrábida. Ninguém se perde na Coina! Só eu! E as memórias ainda me arrepiam... É que a Coina cheira mesmo mal e se dúvidas houvesse, deixaram de haver! Quando li o anúncio, só me ocorreu um pensamento: ''Não deve haver lugar pior para se morar que a Coina...''
Mas mudei de ideias uns minutos depois, ao deparar-me com um anúncio onde se lia:

T2 para alugar no Rego. Tlf...

Epah... morar na Coina deve ser muito mau... mas morar no Rego deve ser terrível! Entre um e outro, venha o Diabo e escolha... Pior que isto, só mesmo viver na Picha!

Quanto a mim, nomes de terras que incluam palavras como ''Rego'', não são dignas de apreciação. Quem, no seu perfeito juízo, quereria comprar ou alugar casa em Rego da Murta? Ou em Rego de Água? Ou, pior que isto: no Caminho de Rego Velho? Se um Rego é mau, um Rego Velho consegue ser tanto pior quanto a nossa imaginação permitir... O que, no meu caso, é simplesmente hediondo! Algo entre uma ameixa seca de tamanho considerável e um saco de serapilheira vazio. Horroroso!

No seguimento deste agradável pensamento, lembrei-me da localidade de Cú do Moinho, provavelmente vizinha do famoso Cú de Judas, que não sendo uma localidade, anda constantemente na boca do povo. E nem me atrevo a referir que, sendo o moínho redondo, torna-se algo complicado encontrar o Cú do dito... Mas porque será que a pessoa que se lembrou de baptizar terriolas com este tipo de substantivo não foi de imediato travada com uma paulada na cabeça?

E que dizer de localidades com nomes como Maçãs de D. Maria? Bem, pelo menos não se chama Tomates do Padre Inácio, o que já não é tão mau como isso... E Rio Cabrão? Gostaria de poder dizer que há um lado positivo em ter localidades com este tipo de nome, mas não posso. E Frangoneiras, e Fonte da Vaca? Já alguém se lembrou de averiguar que nome se dá a um habitante de Fonte da Vaca? Isto para não falar de moradas como Beco da Carne Azeda, Canada das Poias ou Casal Charrinho. E quem se atreve a morar na Rua de Punhete? Ou na Rua do Taralhão?

Continuando por esse Portugal fora, que tipo de gente habita a Palhaça? E na Covilhã moram os ''escovilhões'' (como diria uma querida amiga minha)? E será que na Carne Assada, a especialidade é Bacalhau à Lagareiro? E quem achou boa ideia dar a uma terra o nome de Macalhona? Ou Rabaçal? Sim, Rabaçal!!! Oh, please...

De facto, e muito por culpa do ofício que de momento desempenho, não há dia em que o meu rabo não se encontre com o soalho, num fartote de riso e lágrimas (e uma generosa dose de autêntica idiotice) ao deparar-me com tais localidades.

Mas ainda bem que este nosso país não é feito apenas de Lisboas, Portos e Coimbras, caso contrário eu não teria passado mais uma manhã de trabalho a escrever estas considerações. O mais provavel é não serem lidas por ninguém, mas foram, sem dúvida, o escape perfeito para um acumular de tensão que culminaria certamente num suicídio patético ou noutro desastre do género.