terça-feira, 14 de julho de 2009

A dupla

Acordas-me a meio da noite.

Sinto o teu corpo quente colado ao meu, no leito que partilhamos desde sempre, parece-me por vezes... As tuas mão anseiam pelo toque da minha pele, e os teus lábios não sabem refrear a fome que têm dos meus. Procuras-me a boca, com sofreguidão. Como se não me tivesses há meses, quando ainda na passada noite nos perdemos um no outro.

Os teus beijos roubam-me a respiração e as carícias que me precorrem o corpo deixam-me num tal estado de entrega que mais parece precorrerem-me a alma, milímetro a milímetro. A alma que tão bem conheces... Aquela que se une à tua quando já nem a mera proximidade dos corpos faz sentido.

Porque queremos mais, muito mais! Juntos corremos o céu, tocamos as estrelas, estremecemos a terra! Lado a lado, cúmplices, amantes eternos, escravos da paixão e do prazer. Presos por vontade...

Sou cativa dos teus olhos, esses teus olhos tristes, mas meigos. Envolves-me como nunca ninguém o fez, ou fará. Olhas-me, sorris e dizes simplesmente ''És linda...'' E eu acredito, porque contigo sou tudo... Sou linda, desejável, sensual, quase perfeita. A tua Deusa, dizes.

Com mais em comum do que o que imaginas, de maneira nenhuma o destino permitiria que não nos cruzássemos.

Feitos um para o outro? Talvez... Mas também feitos um pelo outro.

Moldas-me, como eu a ti. Adaptamos as nossas essências, até criar a nossa. Separados não fazemos metade do que conseguimos unidos. E é desse poder na união que me surge frequentemente a força para não desistir.

Sim, amor, que às vezes a vida em comum não é tão bela como gostaríamos...

Mas lembro-me do que já caminhámos até aqui. O chão que deixámos pisado para trás fervilha de recordações diversas: sorrisos tímidos, riso até às lágrimas, apoio num momento crítico, felicidade por uma meta atingida... Sempre de mão dadas.

Eu e tu, juntos... apesar de tudo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Summer of 08

Uma viagem estrategicamente planeada, com passagem por pontos de interesse cultural e paragem obrigatória no maior evento onde a cultura trance é rainha, transformou-se no melhor mês de férias da minha vida (e o único, by the way...).

Malas feitas: checked. Carta de rescisão do contrato laboral: checked. Pet-sitting para as gatas: checked (obrigado Doutora!). Crocks no pé: checked. Substâncias psicotrópicas: checked. Guia do campista 2008: checked. Tenda-que-se-monta-em-2-segundos-e-que-demora-3-horas-a-fechar: checked. Mudança de óleo do carro: checked. Pastilhas de travões novas: não há dinheiro...
Siga!!

Espera! Volta atrás! Esquecemo-nos dos bilhetes do Boom!! Oh Lord... Ainda bem que ainda não saímos da praceta...
Agora sim, siga!!

Primeira paragem em Alcanena, onde uma bela tarde na praia fluvial de Olhos de Água deu lugar a muitos dias de paródia (já longe da terriola, onde ficamos a saber que nada funciona nem ninguém trabalha aos Sábados de tarde...)! Alcanena passou a ser oficialmente conhecida como a Terra do Malveirão, dada a larga abundância de espécimes.

Direitos a Castelo Branco, Idanha-a-Nova. Mas o que raio poderá haver de interesse numa terra com este nome? Nada de mais... apenas o maior dos festivais trance, o Boom Festival!

Não é que fosse necessário, mas para quem se desorientasse e perdesse o caminho, bastava seguir a caravana de freaks. A cidade de Castelo Branco foi invadida por ravers de todas as cores e feitios, com rastas curtas, compridas, amarelas, azuis, cor-de-rosa, nitidamente estrangeiros e todos, sem excepção, com um ligeiro ar alucinado, ou não fossem, em toda a sua essência, verdadeiros Boommers!

A afluência de pessoas dos quatro cantos do Mundo (ainda alguém me há-de explicar porque raio é que o Mundo tem 4 cantos...) aliada a uma fraca organização dificultaram o acesso e resultaram em 24 agonizantes horas de espera para entrar, numa fila que se prolongou por quilómetros e quilómetros, chegando a entupir as estradas até à Idanha, apesar da distância! Loucura! Mas, após ultrapassado este infernal obstáculo, que me deu vontade de desistir em mais que uma ocasião (só não o fiz porque os acessos estavam de tal forma condicionados quem para a frente, nem para trás) todo o stress foi esquecido, quando entramos no recinto. Lets make some Boom!! O mau humor deu lugar ao deslumbramento e a semana que se seguiu não pode ser qualificada como menos que mágica!


Uma dimensão completamente à parte, um mundo paralelo, no qual o isolamento sabe tão bem que não apetece que acabe. No Boom, o contacto com o exterior pode ser pouco ou nenhum, basta que se queira. E, regra geral, quere-se mesmo assim! Novas experiências, novos amigos, promessas de reencontro dali a dois anos e muita coisas para contar. Ou, por outro lado, momentos que são indescritíveis e que sabe bem guardar só para nós, como um pôr-do-sol na lagoa ao som de um magnífico Chill Out, a interação entre gente tão diversificada e, contudo, tão unida pelo mesmo gosto, a felicidade de uma criança perseguindo bolas de sabão, envolvida pela música, pelo calor e pela harmonia que se fazia sentir.


Uma das experiências mais enriquecedoras que já vivi. A nostalgia sentida no dia da partida foi geral. Desde amigos recentes com pena de se separarem, a desconhecidos com pouca vontade de abandonar o convívio ocasional, não havia ninguém que não quisesse permanecer perdido no Boom por tempo indeterminado. Confesso que não fui capaz de reter uma ou outra lágrima, por mais que me esforçasse por manter a compostura...

Após um festival de tamanha dimensão, a necessidade de regressar gradualmente à realidade levou-nos a procurar refúgio em Pedrógão Grande, na Barragem do Cabril.

Instalámo-nos no parque de campismo da região, a dois passos da Barragem, e durante três dias não fizemos mais do que apreciar e aproveitar o contacto com a Natureza. Simplesmente lindo! Contudo, apercebemo-nos que a época de migração do Malveirão (vulgo Labrego) deveria estar a decorrer, pois deparámo-nos com um núcleo engraçado, acampado nas proximidades, à semelhança dos encontrados em Alcanena. Desta forma, o regabofe foi constante, pois não há nada melhor que aquela cumplicidade e entendimento mútuo, escutando conversas alheias (a maioria deveras engraçadas) e rindo à sucapa debaixo de um céu repleto de estrelas.


Em vez de seguir de Pedrógão para o Gerês, como inicalmente planeado, dirigimo-nos para Sul, para a Costa Vicentina, com paragem de uma tarde em Óbidos, terra linda!

No Litoral Alentejano, ficamo-nos por Porto Côvo, vila que me enche o coraçõa desde a primeira visita, há quase 10 anos. Permanece igual, a sua graça de terriola alentejana, com as suas casinhas baixas, brancas e azuis e o seu comércio e gastronomia tão típicos.

Dois dias bem passados e rumamos ao Algarve, para terminar em beleza. Primeiro Monte Gordo, cuja pacatez me encantou, depois Vilamoura, mais movimentado e sofisticado. Os últimos dias de férias primaram pela boa companhia de amigos e recém-conhecidos, e situações que ainda hoje são recordadas com carinho e nunca sem uma boa gargalhada!

A impossibilidade de repetir a experiência este ano, recorda-me que a vida é repleta de imprevistos e que devemos aproveitar sempre os bons momentos com que somos presenteados, pois podem ser os únicos que nos são concedidos...

Para que da memória não se me varram essas preciosas recordações (como se fosse possível...), conservo ainda comigo três pulseiras, tudo o que resta desse maravilhoso mês passado em viagem, num mar de diversão e felicidade.

Como diria o outro: those were the best days of my life...