Não podia deixar passar em branco uma época tão emblemática como o Natal, não é verdade?
Eis, então, o produto de uma ligeira reflexão sobre esta temática, concebida algures entre Fátima e Aveiro, a bordo de um desconfortável autocarro de uma rede de transporte de passageiros cujo nome me abstenho de referir...
É verdade que é Natal!
Já todos reparámos na incomensurável invasão que se faz sentir em tudo quanto é hipermercado e centro-comercial.
Já todos notámos o minúsculo valor anexo ao último salário, que vulgarmente responde pelo nome de ''Subsídio de Natal''.
Também já nos apercebemos do súbito espírito solidário que nos entra porta dentro (quando está bem disposto até se digna a tocar à campainha), direito ao coração e nos faz doar brinquedos velhos e livros sem capa à minorias étnicas do nosso país, bem como a uma generalidade de crianças de países tão pobres quanto inóspitos, e que possuem nomes deveras estranhos como 'Djibuti', 'Burundi' e outros terminados em 'i' (na minha opinião, qualquer palavra terminada em 'i', que faça a acentuação exactamente na última letra, é estranha...). Aliás, nesta época do ano doa-se tudo: brinquedos, roupa, alimentos, dinheiro, sangue, medula óssea e inclusivamente a própria avó, se estiver a chatear demasiado! Já tentei com a minha, mas ela não foi na conversa...
O aroma a laranja e canela mistura-se no ar com os deliciosos cânticos de Natal e são ambos envolvidos pelo riso e entusiasmo da criançada, qual rebuçado repleto de açúcar e sonhos.
Natal é tempo de amor e carinho, de serões familiares em redor da lareira e de correrias em pantufas e pijama pela casa, na manhã abençoada.
Contudo, o que a esmagadora maioria da população esquece, ou prefere não lembrar, é que o Natal é também uma época de extrema solidão. De desespero profundo.
É uma altura do Ano em que a pobreza se acentua e a dor que provoca é por demais excruciante... Por vezes torna-se mesmo impossível de suportar...
Quem vive de perto esta angústia sabe bem... ainda que seja difícil expressar o sentimento de impotência e profunda tristeza que se apodera desta camada mais desfavorecida da sociedade.
O frio parece ainda mais gélido, a chuva mais molhada, a fome mais agonizante. E sobretudo o sentimento de solidão, de abandono e de inutilidade torna-se o maior residente destes corações...
Quer sejam mendigos andrajosos pelas ruas da cidade, ou idosos largados em lares desde o tempo em que a sua degeneração física e mental passou a constituir um empecilho para a família ou mesmo crianças e adolescentes entregues a instituições diversas, é necessário um grande coração e uma dose gigantesca de optimismo para encarar o Natal com um sorriso, por mais tímido que seja, e com amor pelo próximo.
Nesta noite de Consoada, os meus pensamentos vão para essas almas... com sinceros desejos de Boas Festas.
Eis, então, o produto de uma ligeira reflexão sobre esta temática, concebida algures entre Fátima e Aveiro, a bordo de um desconfortável autocarro de uma rede de transporte de passageiros cujo nome me abstenho de referir...
É verdade que é Natal!
Já todos reparámos na incomensurável invasão que se faz sentir em tudo quanto é hipermercado e centro-comercial.
Já todos notámos o minúsculo valor anexo ao último salário, que vulgarmente responde pelo nome de ''Subsídio de Natal''.
Também já nos apercebemos do súbito espírito solidário que nos entra porta dentro (quando está bem disposto até se digna a tocar à campainha), direito ao coração e nos faz doar brinquedos velhos e livros sem capa à minorias étnicas do nosso país, bem como a uma generalidade de crianças de países tão pobres quanto inóspitos, e que possuem nomes deveras estranhos como 'Djibuti', 'Burundi' e outros terminados em 'i' (na minha opinião, qualquer palavra terminada em 'i', que faça a acentuação exactamente na última letra, é estranha...). Aliás, nesta época do ano doa-se tudo: brinquedos, roupa, alimentos, dinheiro, sangue, medula óssea e inclusivamente a própria avó, se estiver a chatear demasiado! Já tentei com a minha, mas ela não foi na conversa...
O aroma a laranja e canela mistura-se no ar com os deliciosos cânticos de Natal e são ambos envolvidos pelo riso e entusiasmo da criançada, qual rebuçado repleto de açúcar e sonhos.
Natal é tempo de amor e carinho, de serões familiares em redor da lareira e de correrias em pantufas e pijama pela casa, na manhã abençoada.
Contudo, o que a esmagadora maioria da população esquece, ou prefere não lembrar, é que o Natal é também uma época de extrema solidão. De desespero profundo.
É uma altura do Ano em que a pobreza se acentua e a dor que provoca é por demais excruciante... Por vezes torna-se mesmo impossível de suportar...
Quem vive de perto esta angústia sabe bem... ainda que seja difícil expressar o sentimento de impotência e profunda tristeza que se apodera desta camada mais desfavorecida da sociedade.
O frio parece ainda mais gélido, a chuva mais molhada, a fome mais agonizante. E sobretudo o sentimento de solidão, de abandono e de inutilidade torna-se o maior residente destes corações...
Quer sejam mendigos andrajosos pelas ruas da cidade, ou idosos largados em lares desde o tempo em que a sua degeneração física e mental passou a constituir um empecilho para a família ou mesmo crianças e adolescentes entregues a instituições diversas, é necessário um grande coração e uma dose gigantesca de optimismo para encarar o Natal com um sorriso, por mais tímido que seja, e com amor pelo próximo.
Nesta noite de Consoada, os meus pensamentos vão para essas almas... com sinceros desejos de Boas Festas.
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