sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Diz que é uma espécie de Aniversário...


Parabéns para mim!


E lá chegamos mais uma vez ao aniversário do dia em que tudo começou... Para azar do Mundo, há 23 anos atrás nasceu esta criatura pateta. Mas o Mundo nunca teve muita sorte na vida e como uma desgraça nunca vem só, a criatura pateta sobreviveu à traumática experiência do parto. A primeira barreira estava ultrapassada...

A partir daí a sua vivência tem sido composta por episódios mais ou menos invulgares, com um misto de momentos mais ou menos felizes, salpicada com um 'je ne sais quoi' de autêntica parvoíce...


Começando pela primeira infância, nem chorar sabia! Raios partam a miúda, tem que se ensinar tudo? Um bebé nasce a chorar, como que instintivamente (sabe bem no meio do que se veio meter, pobrezinho...), por uma reacção de choque com esta brutal realidade, tão fria e barulhenta. Tadinho, mal nasce leva logo com uma data de gente com bata branca (ou verde, ou azul, ou cor-de-burro-quando-foge, não é relevante para o desenvolver da teoria) a pegar-lhe no pescoço, viram-no de pernas para o ar, açoitam-no, e ninguém é capaz de ter o mínimo respeito pela nudez deste pequenino ser a ponto de lhe dar qualquer coisinha para vestir! Não se faz... Claro que chora, que remédio! Se tivesse possibilidade desatava à lambada a toda a equipa médica, mas assim indefeso, só lhe resta chorar... Depois há sempre os bebés medricas que não choram muito alto, para não incomodar ninguém: ''Mãe, desculpa lá interromper a tua conversa com a vizinha, mas eu tenho assim um bocadinho de fome... Não precisa de ser já a correr... mas quando tiveres tempo... podias, hum... fazer-me uma buchinha? Uma sandes de courato ou assim... Pode ser? Mas só quando puderes, não quero incomodar, mãe...''


Bom, isto à conclusão da minha fraca apetência para o choro... Pelo que me contam, que eu felizmente não tenho memória de tudo (sim, felizmente...), o meu choro assemelhava-se a um miar de gatinho pequenino e débil, pelo que a minha mãe vivia num constante sobressalto, sempre a correr para junto do berço para ver se estava tudo em ordem. Quando ela me contou isto, percebi instantaneamente a sua aversão aos Aristogatos (inevitavelmente, um dos meus desenhos animados favoritos). Imagino o trauma...

Além de não ter muito jeito para chorar, o meu aspecto era... como direi?... pequenino e encarquilhado, cheio de rugas e todo vermelho. Daí a razão de não haver uma única foto minha na maternidade. Os meus pais dizem que não tinham máquina nessa altura, mas eu desconfio que tivessem vergonha de mostrar fotos de um pequeno rato (muito pequeno mesmo, do tamanho de um Nenuco, segundo consta) muito enrugadinho e encarnado de chorar. Quando comecei a ganhar cabelo e a ficar mais redondinha, lá começaram a fotografar o bebé, como se não houvesse amanhã! E que belas fotos!


Claro que eles vão negar, firmemente, esta informação!

Para cúmulo, à medida que os meses passavam, a bebezinha engordava, já se punha de pé, ensaiava inclusivamente uns quantos passos pelo corredor, agarrada à parede, mas dentes nem vê-los! Geralmente rompem por volta dos 9 meses de idade e mesmo um pouco antes, em alguns casos, mas no meu nem depois dos 12 meses! Resumindo, com 1 ano de idade já falava que me desunhava (por acaso nunca tive problemas com a fala; assim que comecei foi o descalabro... nunca mais me calei!) mas babava-me toda porque nem um dentinho tinha na boca. Nessa fase da minha vida era, provavelmente, mais parecida com a minha bisavó Padeira sem a dentadura do que com outro membro da família. Mas adiante...


Será que isso faz de mim uma atrasada dental? A question of great matter, indeed...

Há também o episódio em que me ia afogando numa poça de água, na praia, por volta dos meus 3 anos. Não é costume a memória reter momentos com esta idade, mas alguns dos mais marcantes não desaparecem. Lembro-me vagamente do meu chapéu branco com fitas... E lembro-me do medo que senti, medo de um ataque do mais perigoso dos animais (na minha cabeça, aos 3 anos de idade): a baleia! Não era do tubarão, ou da lula gigante, ou do caranguejo. Não senhor, era da baleia! Influências do livro da Moby Dick, da Disney. Lá me pescaram da poça, extremamente profunda (2 palmos) repleta de ameaçadoras estrelas do mar e violentos tufos de algas. Que aventura!


Ou aquela vez em que fui parar às urgências do hospital da Estefânia para remover um sapato da Barbie da narina... Estranho? Não, na realidade tratava-se de uma tentativa infrutífera de detectar vestígios de chulé... Pronto, ok, é ligeiramente estranho...

Semelhantes a estas, há inúmeras histórias que me fazem sorrir, quando as recordo. Achei que poderia partilhar um pouco delas, pois é nos aniversários que me lembro de todas.

De facto, a minha vida tem sido um acumular de experiências, assim a modos que estranhas, directamente relacionadas com determinadas particularidades da minha personalidade. Óbviamente não posso relatar nem uma décima parte, porque isto é um blogue, não é uma telenovela da TVI.


E este 'saber de experiências feito', como diria Camões, traduz-se nesta ''destrambelhice'' de pessoa, que na realidade é um amor de miúda, quando se consegue aturar. Geralmente quando está a dormir...

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